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Um jornal que faz parte da história da cidade

Assunção Vaz Patto

O Noticias da Covilhã faz 103 anos. No mundo muito vertiginoso dos nossos dias, um jornal regional fazer 103 anos é obra! Verdade que não o voltámos a ver nas bancas, verdade que muitos assinantes perguntam o que se passou, verdade que já não está nos cafés- mas ainda respira, ainda está vivo- ainda é o nosso Noticias!

O papel da imprensa regional é duplo: dá voz a uma região, a uma cidade e a uma forma de cultura local, congregando os elementos geográficos mais distantes, deixando noticias sobre as zonas mais periféricas, referindo elementos mais ou menos pitorescos, mantendo em cima da mesa as decisões políticas que dizem respeito à região e dá voz. Dá voz à região, que não tem muita, dá voz a quem cá vive, que ainda tem menos. E levanta os problemas, ouve as várias versões, dá a importância das coisas que acontecem.

Seguramente que os jornais online têm o seu peso, mas maioritariamente os leitores do Noticias não têm uma apetência digital muito grande. A geração antes da minha- e a minha- lê o jornal em casa, a saborear devagar e a encontrar caras conhecidas, ruas conhecidas, lojas conhecidas. É quase um acto de amizade entre o leitor e o jornal. E se o leitor está emigrado, se deixou amigos e família por cá, mais ainda este registo é importante. Não se consegue o mesmo efeito na leitura digital.

Um jornal não define uma cidade, mas faz parte da sua história. E só uma cidade muito deprimida, ou muito incapaz, deixa morrer um jornal que ao longo de 103 anos foi um olhar persistente sobre o seu dia a dia. A morte do Noticias acaba por ser a morte de um dos identificadores da cidade. E de uma certa forma, a morte de um bocadinho da Covilhã. De certeza que a Covilhã pode dar-se a esse luxo?

 

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