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Uma estação fora do tempo

António Pinto Pires

 

A estação de caminho de ferro da Covilhã, nos moldes em que se encontra, já não serve para os tempos que correm.

Poderia estabelecer um paralelo com Espanha, a qual tem vindo a encetar um excelente processo de remodelação das estações ferroviárias, dotando-as de conforto, eficiência e modernidade.

Bem mais perto, na Guarda, foi a respetiva estação totalmente remodelada, há vários anos, com as características mencionadas. Esta estação virou ponto de encontro e confluência de culturas. As estações têm essa característica. Referindo ainda o acesso inferior às plataformas de embarque.

Não se percebe, pessoalmente não entendo, como foram encetadas na estação da Covilhã as ditas remodelações não visando a mobilidade dos passageiros nas devidas condições de segurança. Observem-se os cais de embarque a partir do edifício central. Na ausência de passagem inferior, os utentes têm que calcorrear centenas de metros, sujeitas às circulações sem paragem dos comboios de mercadorias e outras composições, agora mais frequentes. O Fundão e a Guarda têm passagens inferiores, a Covilhã não. Porquê?

No que toca a condições de espera, o planeamento e execução ficaram, por ora, desfasados da realidade, ou seja, fora dos limites de espera. Falamos das cabines com os respetivos bancos, muito afastadas do local onde param os comboios.

E a maior pressão acaba por incidir sobre o edifício principal, que outrora tinhas salas de espera, bancos no cais, e neste momento conta apenas com um banco, ocasionando que muitas pessoas, sobretudo os mais jovens, utilizem o chão como recurso. Pessoas com mobilidade reduzida ou condicionada enfrentam sérias dificuldades.

A acrescer a tudo isto, e como a estação tem um horário de funcionamento desfasado dos horários de alguns comboios, os passageiros não dispõem de espaços condignos para acolhimento, referindo ainda que o acesso aos WC fica, por vezes, completamente vedado aos utentes. Este edifício dito das bilheteiras já é completamente insuficiente para as necessidades, bem como incómodo e desconfortável, nomeadamente quando está mais frio.

Não estamos perante uma questão inultrapassável, antes pelo contrário. E é para isso que existe o fator planeamento, não tido em conta na Covilhã. A estação dispõe de um enorme cais de mercadorias sem qualquer utilidade, e a solução poderia passar por aí, pela sua centralidade e localização. Pelas suas dimensões. Temos casos de sucesso disseminados pelo país. O denominado cais deveria ser transformado no principal edifício da estação, prevendo a implementação do serviço de bilheteiras e salas condignas para espera. E porque estamos perante uma zona privilegiada de mobilidade, prever a criação de espaços polivalentes, zonas de cafetaria e restauração, quiçá uma zona de exposições e outros espaços de lazer, onde se desse relevo às questões ambientais e quase por obrigação, o enaltecimento do próprio caminho de ferro, aludindo ao precioso espólio histórico e o conhecimento do museu nacional, no Entroncamento.

Simultaneamente, ainda sem resolver a questão do estacionamento de quem usa o comboio para ida e regresso, e porque se dispõe de espaço para o efeito, criar uma zona exclusiva com esta finalidade.

Esta questão que se coloca, pode também reportar-se à estação do Fundão que enfrenta condicionalismos semelhantes onde se dispõe de dois cais de mercadorias, um deles em acentuado estado de degradação e perigosidade.

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