“Todas estas iniciativas que promovam a artes são fundamentais para quem vive das artes, respira arte e quer mostrar o seu trabalho para que seja valorizado e reconhecido”, afirma a cake designer Patrícia Casteleiro, uma das dez artistas cujo trabalho está patente na exposição EntreTecido, que se encontra no segundo piso do Teatro Municipal da Covilhã (TMC).
A exposição tem curadoria do designer covilhanense Vasco Pinho e inseriu-se na Semana Criativa da Covilhã, que decorreu de quarta-feira, 8, até terça-feira 14. “O intuito desta exposição é, sobretudo, a divulgação do trabalho de pessoas e que quem a visita tenha acesso aos trabalhos, às suas galerias, aos seus ateliers [dos artistas]”, considera Vasco Pinho.
Para Patrícia Casteleiro, estas iniciativas também servem para “mostrar a capacidade criativa e dar valor” à dedicação dos artistas. “Tudo isto são horas e horas de trabalho, de estudo, formação, investimento pessoal e financeiro”, diz.
Segundo Vasco Pinho, a decoração do espaço onde se encontra a exposição e os próprios stands dos artistas são compostos por desperdícios e resíduos fabris cedidos por empresas do concelho que, finda a exposição, serão devolvidos e reaproveitados.
Também o trabalho da artista têxtil Ana Paula Almeida pode ser visto na EntreTecido. A artista, cujo trabalho se centra na utilização de lã, refere que “é muito importante existir na cidade um reconhecimento aos artistas da região” e que lhes “deem palco para darem a conhecer o seu trabalho ao público de forma geral”. Na opinião de Ana Paula Almeida, este tipo de exposições “potencia a criatividade de todos”.
“A minha ideia foi tentar puxar pessoas para esta arte [alfaiataria], porque às vezes em exposição não é assim tão fácil transmitir o que é”, afirma o alfaiate Jorge Mendes.
Além de Ana Paula Almeida, Jorge Mendes, Patrícia Casteleiro e Vasco Pinho, a exposição EntreTecido mostra trabalhos dos artistas e designers Ana Rita Albuquerque, Diogo Fernandes, Fátima Nina, Filipe Carriço, Gonçalo Duarte,Luís da Cruz e Telmo Martins.
Passado fabril ligado à inovação
A EntreTecido foi inaugurada no mesmo dia em que se iniciou a Semana Criativa da Covilhã, quarta-feira, 8, dia esse em que se assinalou o Dia Municipal da Cultura e os dois anos da atribuição do selo de Cidade Criativa UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) na área do Design à Covilhã.
Vítor Pereira, presidente da Câmara da Covilhã, considerou o evento como “um dos anuais de maior destaque programados” pela Covilhã enquanto cidade reconhecida pela UNESCO. “Fomos a primeira e atualmente a única cidade criativa do design em Portugal. A abrangência, a transversalidade do design, além de evidente ancoragem histórica do nosso passado, ligado à fábrica, à lã, sustentou a nossa aposta neste projeto [cidade criativa UNESCO] desde o seu início”, explicou o edil.
Regina Gouveia, vereadora da cultura na autarquia, sublinha que o município tem “conseguido desenvolver muitas das ações que são eventos, formações, projetos que constam do plano de ação” da atribuição do selo e que a Semana Criativa “aglutina” várias ações previstas nesse plano. Apesar disso, o desafio, segundo a vereadora, é “fazer com que o design diga algo de relevante para mais grupos, segmentos da comunidade e à comunidade”.
Helena Carvalho, 67 anos, acredita que a distinção da UNESCO “é boa e que a Covilhã merece isso”, embora associe o selo de Cidade Criativa do Design ao festival de arte urbana – WOOL.
Já Maria Pinto, 26 anos, crê que “existe uma preocupação na dinamização de eventos culturais, particularmente atividades do meio artístico”, e acrescenta que denota algum “cuidado da cidade em estar no patamar da distinção que lhe foi atribuída”.
“Penso que a Covilhã, ao ter recebido esta distinção, vai ser sempre reconhecida a nível mundial, principalmente dentro do setor [design] e isso também se deve ao passado ligado aos lanifícios e aos cursos de design da Universidade”, opina José Orlando, 51 anos.
O jovem Tomás Abrunhosa Fiadeiro, 25 anos, “acha muito bem” a atribuição de Cidade Criativa do Design à cidade da Covilhã, uma vez que “toda a arte em volta da cidade engloba vários pontos de interesse a nível histórico e artístico”.
O alfaiate Jorge Mendes frisa que o selo que o município recebeu há dois anos “de alguma forma” também teve influência no seu trabalho. “Quando isso foi falado [atribuição do selo] de alguma forma pesou-me um pouco na possibilidade de apresentar ou tentar transmitir este tipo de trabalho a algumas pessoas”.