Desta vez, foi à justa. O orçamento e grandes opções do plano da Câmara de Manteigas foi aprovado por maioria, na passada quinta-feira, 28 de novembro, mas contou com dois votos contra dos vereadores Tomé Branco (PS) e Nuno Soares (PSD), tendo sido viabilizado pela abstenção da outra eleita socialista, Ângela Muxana.
No final, o autarca manteiguense, Flávio Massano, agradeceu à vereadora o voto de confiança em viabilizar o documento “pelo menos até à próxima assembleia municipal” que irá decorrer ainda este mês.
Em duas reuniões de câmara anteriores, Flávio Massano já tinha avisado que o orçamento de 2025 seria “praticamente igual” ao de este ano, assentando em cinco áreas que considera essenciais para o desenvolvimento do concelho, numa visão “até 2030”. São elas a competitividade e inovação territorial, a transição demográfica e coesão social, a transição climática e valorização do coração da montanha, a transição digital e novas competências e, por último, a cooperação e marketing territorial. O autarca dizia que o documento assentava em 80 por cento do anterior e que era “o melhor orçamento” que tinha visto nos últimos anos no concelho. Por ter “projetos novos, estruturantes” para Manteigas. Massano acrescentava que os 20 milhões ali plasmados eram “muito dinheiro para concretizar” e que preferia ser acusado de não executar do que não ter “nada para apresentar ou executar”. No entanto garantia que o documento assenta em projetos cumpridos, muitos deles já financiados, e em obras “prontas para arrancar”.
Na quinta-feira, o autarca disse que o valor era “ambicioso” e iria exigir “grande execução da nossa parte”, e que ainda este ano algumas obras seriam adjudicadas, como a requalificação da estrada 338 de acesso aos Piornos (ver peça ao lado) ou a habitação social na antiga tipografia. “Estamos a propor coisas boas, com financiamento assegurado, algumas que ficarão para o próximo executivo” adiantou, classificando mesmo o executivo que lidera “o melhor dos últimos largos anos” em Manteigas. “Pelo que vou ouvindo, será mesmo o último orçamento deste grupo de cinco pessoas” disse o autarca eleito pelo movimento independente Manteigas 2030.
Nuno Soares, vereador do PSD, disse que o documento não era muito diferente dos orçamentos de 2024 ou 2023, que das obras elencadas apenas acreditava na realização da habitação social, com financiamento para 2025, e previu que, no ano que vem, a execução continuará a ser baixa, como em anos anteriores. “A praça da vila talvez venha a ter um ou outro buraco, e uma placa explicativa, a cativar os votos dos eleitores” disse. Criticando ainda a política de contratação de pessoal para a autarquia. “Nunca houve tanta gente empregada na Câmara” afirmou. O vereador justificou o voto contra pelas baixas taxas de execução realizadas nos anos anteriores. “Não é um voto contra o orçamento, mas contra o desenvolvimento de Manteigas. As pessoas poderão depois julgar” apontou Flávio Massano.
Já o socialista Tomé Branco, que também votou contra, disse que esta foi a forma que encontrou para alertar, após três orçamentos aprovados, de que as coisas não estão bem. “Critico a falta de compromisso com alguns projetos e a demora na execução” afirmou, na declaração de voto. O vereador já nas duas últimas reuniões do executivo dissera não acreditar no orçamento, em que não se podia “debitar” tudo o que se gostaria de ver feito para depois não realizar grande parte. Tomé Branco já criticara a baixa taxa de execução dos últimos anos, e acusou Flávio Massano de dar a ideia de que “tudo está em andamento, mas andamos, andamos, que até parece que estamos numa passadeira”. O vereador disse que o voto contra foi “o culminar” de alertas de anos que não foram ouvidos. “O este ser o melhor executivo, é uma questão pessoal, que não partilho. Reconheço que não é fácil governar em minoria, mas nós tornámos-lhe o caminho muito fácil” frisa.
Flávio Massano disse respeitar e entender as votações desfavoráveis, mas não concordou com elas, lembrando que em carteira ficam imensos projetos com financiamento assegurado e obras no concelho no valor de milhões, em execução e a executar. O autarca já dissera estar orgulhoso do trabalho realizado nestes três anos que passaram e convencido que as escolhas feitas já têm impacto, e continuarão a ter, na comunidade local.
Entre algumas das obras estampadas no orçamento para o próximo ano figuram a requalificação da praça central da vila, a habitação social na Matufa, a requalificação do mural da entrada da vila e a requalificação da escola.