“Tenho tido bastante quebra na produção. Entre 20 a 30%”, diz José Filipe, apicultor do Terlamonte, à margem da sessão de entrega de armadilhas para a vespa asiática aos apicultores do concelho que decorreu hoje na Câmara da Covilhã.
José Filipe é um dos 96 apicultores do concelho da Covilhã que se debate com a praga. “Tive de fazer colmeias novas para recuperar as que perdi o ano passado”, revela. O produtor diz que normalmente produz cerca de 1500 quilos de mel, mas que depois do aparecimento da vespa, esse número reduziu. “Este ano voltei quase ao mesmo, porque aumentei as colmeias”, afirma, tendo neste momento 150 colmeias.
Os custos da criação de novas colmeias, segundo Ana Pais, produtora de mel do Teixoso, são “difíceis e caros”. “Estou mesmo a pensar em desistir porque é muito difícil sustentar”, refere. Ana Pais afirma que teve “bastante quebra” na produção de mel. “É por demais. Perdi bastantes colmeias. Em termos económicos é gravíssimo”, salienta a produtora.
O vice-presidente da Câmara da Covilhã, Armando Serra dos Reis, destacou na sessão da entrega das armadilhas que é um “trabalho no sentido de minimizar os impactos negativos na produção de mel e no trabalho na preservação e defesa do ambiente que as abelhas fazem”.
“O que está aqui em causa é a utilização das armadilhas, que são métodos muito eficazes no combate a essa espécie”, frisa o autarca, acrescentando que cabe à Proteção Civil Municipal, ao Município e à Comunidade Intermunicipal “encontrar meios para que as colónias de abelhas melíferas sejam protegidas” e, nesse sentido “reforçar o combate e reduzir o crescimento de ninhos de vespa velutina”.
O combate à espécie invasora já vem sendo feito desde 2019, ano em que foram exterminados 9 ninhos no concelho da Covilhã. No ano seguinte, 2020, esse número subiu para 18. Em 2021, aumentou para 52 e no ano passado, 2022, subiu para 87. Em 2023 contam-se 147 os ninhos exterminados. “É presumível que até ao final do ano, dupliquemos o número de 2022”, afirma Serra dos Reis.
A ação de distribuição de armadilhas está inserida na candidatura da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) no valor de 93 mil euros, sendo que todos os municípios da comunidade estão abrangidos.
