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Voluntários entregam ceia de Natal a quem precisa

Este vai ser um Natal a muitos níveis diferente para Vítor Paiva, de 49 anos. Perdeu a mulher há poucas semanas, impacto que faz estremecer as fundações das nossas existências. O pensamento é território armadilhado e o cozinheiro da Pousada da Juventude das Penhas da Saúde está empenhado em canalizar as energias para que não apenas a sua família tenha um período natalício o mais feliz possível, como quase mais 600 pessoas.

Vítor faz parte das dezenas de voluntários e é um dos dois cozinheiros que vai preparar o “Natal em Casa”, iniciativa solidária promovida pela Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP), pelo Moto Clube Lobos da Neve e pelo Movimento Cidadania Activa, em colaboração com outras entidades que se associaram.

A ideia é distribuir, na zona urbana da Covilhã, 567 refeições nesta véspera de Natal, num total de 299 famílias. A esses números acrescem os de alguns estudantes estrangeiros a quem a Paróquia de São Martinho se encarrega de encaminhar a ceia. A ementa é composta por doses individuais de caldo verde, bacalhau à Gomes de Sá e um bolo rei por agregado, encomendados em várias padarias da cidade. Quem tem crianças recebe ainda brinquedos angariados pelas instituições envolvidas e pela juventude dos Lions.

Enquanto prepara uma refeição, Vítor Paiva, que vai ter a ajuda da motociclista Paula Santos, também ela cozinheira, numa cantina universitária, garante não se ter assustado com as quantidades. Isso aconteceu há uns anos, quando trocou a informática pelos tachos, e quando foi desafiado a deixar de cozinhar apenas para pequenos grupos e ter passado a fazer cem refeições. Agora, explica, “é só ir aumentando em escala” o que há para confeccionar. “É só juntar mais um bocadinho”, diz, com a certeza de que “todas as mãos são necessárias” para concretizar “uma excelente ideia”, que implica descascar 200 quilos de batatas, 100 quilos de cebolas, picar alho, entre outras tarefas.

A empreitada foi planeada para não se tornar desgastante e para que os voluntários possam estar à hora da consoada com as suas famílias. Na terça-feira foi dia para a preparação, ontem, quarta-feira, cozinhou-se, nas instalações da Escola de São Domingos, na manhã desta quinta-feira, 24, é feita a distribuição.

“O principal desafio será que a comida chegue a cada pessoa com o sabor e com a qualidade que nós vamos tentar imprimir, como se fosse para mim, para os meus filhos, para a minha família, para os meus amigos”, acentua Vítor.

Num ano atípico, pessoalmente de uma agudeza flagrante, o cozinheiro decidiu transformar o improviso da vida num momento de partilha e de solidariedade, em que os filhos vão também estar envolvidos.

“Nós temos de aproveitar os maus momentos para nos injectarmos a nós próprios com alguma energia extra que vamos perdendo ao longo dos dias. Porque não aproveitar estes momentos piores para fazer disso uma mensagem para a minha família, dentro de casa, para que eles também não se sintam derrotados? Para que seja um impulso para seguir em frente?”, analisa Vítor Paiva, para quem esta tarefa de levar a refeição de Natal já confeccionada a casa de quem está a precisar é também uma forma “de descarregar um pouco a tensão que se vai acumulando”.

Conta dividida entre a FDIP e os Lobos da Neve

A ideia partiu da FDIP, “em Novembro”. Devido à pandemia, não pôde realizar a habitual gala anual de atribuição de prémios aos campeões nacionais e decidiu alocar essa verba a uma acção solidária. Contactada a Re-food, foi transmitida a cada vez maior dificuldade em conseguir excedentes alimentares, ao mesmo tempo que a procura aumentou.

“Pelas dificuldades que todos conhecemos dos dias que vivemos, propus fazermos um jantar de Natal, entregue às pessoas apoiadas pela Re-Food e pelas Conferências de São Vicente de Paulo”, conta Pedro Farromba, o presidente da FDIP, que pela “conhecida proactividade dos Lobos da Neve” os desafiou a aderir à iniciativa.

(Reportagem completa na edição papel)

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