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“Vou ter de me controlar para não lamechar nem puxar à lagrima”

Nascido na Covilhã em 1965, o músico João Gil é um dos nomes mais prestigiados da música portuguesa. E vai ser o primeiro artista a pisar o palco no regresso dos espectáculos à sala mais emblemática da cidade. O Teatro Municipal da Covilhã (TMC) reabre ao público nesta sexta-feira, 12, e sábado, 13, pelas 21h30, com dois concertos especiais, em que João Gil será acompanhado por convidados surpresa.

Em entrevista ao NC, João Gil recorda da infância e a sua reação com o antigo teatro-cine. “O primeiro ecrã de cinema foi exactamente ali” lembra, acreditando que a nova casa de espectáculos pode reverter o isolamento cultural da Covilhã comparativamente à Capital. “Há naturalmente uma macrocefalia de Lisboa que também não ajuda, mas creio que a Covilhã, a avaliar pela força e tradição da cultura do seu povo, tem tudo para brilhar cá dentro e fora de Portugal” afirma.

Qual é a sensação de voltar a Covilhã e ser o primeiro a pisar no novo palco para um concerto? A relação afetiva com a cidade e com o teatro vai ser importante no espectáculo?

O convite caiu-me na fraqueza. Uma enorme honra e privilégio estar presente com a “Caixa de Luz” no reinício e abertura do Teatro Municipal da Covilhã. A primeira vez que vi um ecrã de cinema foi exactamente ali, por isso podem imaginar o que sinto. Vou ter de me controlar para não lamechar nem puxar à lagrima. Existem duas coincidências interessantes neste espectáculo. Por um lado, conto e partilho algumas das histórias que estão na sua infância. E por outro vou à minha própria infância. Enfim… coisas de puto.

O novo teatro surge como um possível espaço de democratização da cultura, dando acesso a grupos locais de arte. Esse é objectivo da abertura de seu concerto para talentos locais?

Sim, e não apenas. Creio que a Covilhã vai estar mais dentro do mapa de espectáculos e vai com certeza dinamizar a região somando às suas actividades económicas a dimensão artística que é fundamental para o desenvolvimento e enriquecimento do seu povo. Vai também contribuir para um menor isolamento da região. O Teatro Municipal e a sua infra- estrutura podem atrair todo o tipo de instalações e espectáculos para fazer fervilhar a Covilhã e atrair cada vez mais gente.

O repertório do espectáculo será, de alguma forma, remetido às suas raízes com a região ou será uma releitura de seus sucessos antigos e actuais?

Nunca conseguimos fugir ou evitar a nossa infância e ela persegue-nos implacável. A minha foi feliz e linda. Toda a minha infância se reflecte no meu trabalho e talvez seja por isso que justifique a minha dificuldade em fazer músicas tristes. Às vezes sérias, com a poesia profunda dos nossos grandes poetas, mas na maioria com a luz da própria infância.

Texto completo na edição papel do NC.

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