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Wool faz nascer dois novos murais e dá nova vida a paredes do Largo Senhora do Rosário

Até ao próximo domingo decorre mais uma edição do Wool – Festival de Arte Urbana da Covilhã que, entre várias iniciativas paralelas, vai deixar na cidade mais quatro peças de grande formato para integrar o roteiro que tem atraído muitos visitantes ao Centro Histórico.

Passados 11 anos das primeiras intervenções, e na 9.ª edição do Wool, foram seleccionados, como é habitual, dois artistas portugueses e dois estrangeiros, desta vez com a particularidade de a organização ter optado por pintar duas novas paredes e dar nova vida a outras duas, no Largo Senhora do Rosário, que se encontravam degradadas e sem possibilidade de serem recuperadas pelos respectivos autores.

A substituição das duas pinturas não foi uma decisão fácil para os três elementos que dinamizam o festival, mas que entenderam ser necessária por, ao contrário da premissa do Wool, que passa por reabilitar através da arte urbana, “os murais já davam um ar degradado”, referiu ao NC Elisabet Carceller, da organização.

“Para nós não foi fácil tomar essa decisão. Nós próprios estamos afeiçoados às obras e sabemos que as pessoas da cidade e as pessoas que nos visitam têm uma ligação emocional às peças”, realçou Elisabet Carceller.

Na tela gigante onde Mr. Dheo desenhou em 2014 “Portugal Pelas Costuras” está a nascer um mural alusivo aos desportos de Inverno na Serra da Estrela, com a recriação de fotos antigas de esquiadores e de recortes e folhetos da época “com as ilustrações desses momentos históricos”, pela mão do colectivo Ruído, composto pelos artistas Draw e Contra.

Em frente, a parede onde desde 2011 estava o pastor desenhado por Btoy, já retocada numa ocasião em que a artista espanhola regressou à Covilhã e a parte branca, apesar de restaurada três vezes, “continuava a apresentar problemas”, segundo explicou Elisabet Carceller, vai dar lugar a um mural que pretende ser também um manifesto, com o intuito de fazer quem olha reflectir sobre os prós e contras da exploração de lítio a céu aberto.

A Serra da Argemela é o tema abordado pelos Reskate (Maria López e Javier de Riba) “de uma forma poética”, pelo impacto que a exploração mineira a céu aberto tem na vida dos territórios, acentuou uma das promotoras do evento.

“Esta é uma temática que nos preocupa especialmente. Queremos tentar que as pessoas olhem para o mural e reflictam se a exploração do lítio nos vai trazer tanto de bom quanto nos querem fazer crer”, vincou Elisabet Carceller, em frente à parede onde já se percebe a luz da dinamite ao centro e vários elementos da natureza ao redor.

A espanhola Cinta Vidal está habituada a desconstruir o universo da arquitectura com uma interpretação muito própria, normalmente com o desenho de casas invertidas. Na parede junto à Escadaria de São Tiago, na Rua Visconde da Coriscada, está focada nas máquinas ligadas à indústria têxtil para “fazer esta desconstrução, em que o tecido acaba por ser o fio condutor destas máquinas”, colocadas numa disposição fora do habitual, informou Elisabet Carceller.

Na Travessa da Alegria, junto à escadaria, Francis.co inspirou-se nas fábricas da Covilhã para a sua composição, onde é possível reconhecer alguns edifícios e elementos.

Apesar de acentuar a efemeridade da arte urbana, seja porque os proprietários fazem intervenções, as casas vão abaixo ou os autores ou curadores decidem que a peça já não faz sentido, a organização vinca o cuidado em perpetuar as obras que deixam de estar disponíveis ao vivo.

“Os murais que não estão visíveis vão ficar na memória. Estamos a trabalhar nesse sentido, de os perpetuar, recorrendo às novas tecnologias e outros suportes, para ficarem na memória”, acrescentou Elisabet Carceller.

 

 

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