É uma tarefa que não se afigura fácil, mas à qual uma nova associação de desenvolvimento local criada na Covilhã quer dar resposta: retirar muitos dos miúdos que estão agarrados a um telemóvel, ao gaming, ao digital, e devolvê-los ao saudável convívio da brincadeira de rua. É este um dos muitos objetivos da Brinc’Ar Livre- Associação para a Promoção do Desenvolvimento da Criança, criada há cerca de ano e meio na Covilhã, mas que está legalmente constituída desde junho deste ano, e cujo os órgãos sociais tomaram posse no passado sábado, 16.
“Vamos tentar ajudar a cumprir o que está escrito na Constituição e na Declaração dos Direitos da Criança. O direito que as crianças têm de brincar” frisa Óscar Feliciano, dinamizador da associação.
A ideia, diz, surgiu “de um sonho de uma pessoa, que após um mestrado em motricidade infantil, em Coimbra, foi desafiado por um dos maiores especialistas do país nesta matéria a criar uma associação deste género no Interior, pois na nossa região não existia nenhuma”. Óscar Feliciano deu então andamento a que se juntasse um grupo de pessoas que criasse uma associação de desenvolvimento local centrada no tema da criança e nos seus direitos. “Juntámo-nos há cerca de ano e meio. Todas as entidades com que falámos, desde Câmara, UBI ou IPCB, viram a ideia com bons olhos” conta, adiantando que a tomada de posse dos órgãos sociais estava prevista para janeiro do ano que vem, mas foi antecipada, pela necessidade de ter, a tempo e horas, um plano e orçamento. “É que já fomos desafiados a participar no desfile do Carnaval da Neve, e para assinar o protocolo de colaboração com a Câmara teremos que estar já em plenas funções” conta. Os órgãos sociais contam com 19 elementos apostados em devolver as crianças às brincadeiras de rua.
“Iremos agora fazer o plano de atividades, mas é certo que queremos promover tudo o que se faça ao ar livre. Não seremos uma associação com atividades de caráter competitivo, desportiva, mas queremos realizar ações que visem a socialização dos mais novos, retirando-os da dependência do mundo digital” explica Óscar Feliciano, que recorda que essa tarefa não se conseguirá sem a ajuda dos pais, pelo que algumas iniciativas também a eles são dirigidas. “Teremos ações de sensibilização, atividades diferenciadoras, que envolvem a família. Pois se muitas crianças estão coladas a um ecrã, muitas vezes elas são as menos culpadas” afirma. O responsável frisa que este é um flagelo a combater na atualidade, e que estudos comprovam que essa dependência retira capacidades motoras às próprias crianças, um panorama que é preciso inverter.
A Brinc’Ar Livre apresenta-se como uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivo a promoção do desenvolvimento da criança, “a todos os níveis”, através de iniciativas e atividades que promovam o “brincar junto da comunidade infantil”, mas também a promoção de outras ações “sociais, culturais, recreativas e desportivas em benefício das crianças”.
